quarta-feira, 14 de setembro de 2011

ARTICULAÇÕES CONTRA A CORRUPÇÃO

Os três últimos e amplos movimentos ocorridos no Brasil contra a corrupção atingiram os ex-presidentes Juscelino Kubitschek, João Goulart e Fernando Collor de Mello. Os dois primeiros foram vítimas de um falso moralismo de correntes políticas opostas a ambos.

Segundo o ex-governador Carlos Lacerda, principal arauto contra o presidente JK e, posteriormente, pregando a deposição do presidente Goulart, afinal obtida, tinha duas variantes. Em relação ao presidente JK, este não poderia ser candidato à Presidência da República em 1955; se o fosse, não poderia ser vitorioso; e, nessa última hipótese, não deveria tomar posse.

Já em relação ao presidente João Goulart, a oposição desde a sua posse quando da renúncia do ex-presidente Jânio Quadros, sofreu uma derrota imposta pelos militares defensores da legalidade e da Constituição, aliados a lideranças civis com idêntico posicionamento. O combate, no entanto, continuou até os últimos dias da sua deposição, sob duas palavras de ordem: enfrentar a subversão e a corrupção, cujo desfecho e consequências negativas são por nós todos conhecidos.

O terceiro momento, que resultou no “impeachment” do ex-presidente Collor, recebeu o apoio de consideráveis parcelas da população, inclusive da juventude que foi às ruas manifestar sua insatisfação ante as denúncias envolvendo pessoas de sua ligação pessoal.

Em todos os três episódios o fator político esteve presente, variando quanto ao conteúdo das acusações, especialmente nos governos JK e Jango, alvos de um falso moralismo, utilizado como biombo para encobrir interesses contrariados e espúrios de grupos dominantes, sob a égide da Guerra Fria entre EUA e URSS.

Nos últimos anos, a democracia, no País, tem se consolidado, afastando-se o risco de um golpe de Estado. Porém, as denúncias sobre irregularidades e desvios de conduta vêm se acentuando, provocando algumas manifestações esparsas de protesto, com uma possível tendência de crescerem.

Percebe-se estar em curso um princípio de articulação nacional contra a corrupção, a exigir maior clareza, mas tendente a crescer, sem que se note, todavia, nas suas dobras, uma tentativa de desestabilização da presidente Dilma Rousseff, nem tampouco sob a essência do falso moralismo, utilizado em décadas passadas.
Há um razoável clamor pelo aperfeiçoamento dos rumos de como está sendo conduzida a “res publica”. Sua ressonância, em termos nacionais, ainda não oferece condições de ser melhor avaliada. Mas, pode vir a se disseminar no território nacional, na medida em que se anunciam atos públicos em quatro capitais (Rio, São Paulo, Recife e Florianópolis) para os próximos dias.

Ninguém acusou a presidente Dilma Rousseff de improbidade administrativa. A alguns auxiliares diretos, sim, os quais se afastaram ou foram exonerados dos respectivos cargos, salvo o ministro Jobim, por outras razões.

A presidente, contudo, tem um compromisso com a população de manter a imunidade da sua administração ao nocivo vírus, tomando sempre a iniciativa de mandar apurar eventuais denúncias, as quais, se comprovadas, deverão receber a punição devida, além do afastamento de eventuais infratores de suas funções.

Fonte: Folha de Pernambuco

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