Cláudia Sansil*
Qual o papel da Educação nos pleitos eleitorais? E quando essa “disputa” acontece numa “Casa de Educação”? Qual a distância que separa o quantitativo de votos, que sagra um vencedor, à reflexão dos fragmentos póstumos dos “derrotados”? Na cultura ocidental, somos estimulaos, desde criança, a sermos competivos. O mundo global e pós-moderno incrementa a fragmentação do sujeito. Nós, educadores, as autoridades da Educação, como categorizou a presidente Dilma, em seu discurso de posse, devemos dar exemplos. E os exemplos ocorrem com a nossa prática cotidiana, com as nossas ações. Democraticamente, devemos acatar o desejo de uma coletividade, mesmo quando as margens são mínimas, não importa, pois compõem o mosaico democrático.
Tenciona-se fazer uma reflexão e digerir sobre o momento pós-eleição em nossa Casa. A festa da democracia, cujo dirigente máximo, pela primeira vez, estava sendo eleito pelo voto direto, está nas páginas dos jornais com pautas pejorativas e barrigas (notícias falsas, na linguagem do jornalismo). Lamento que a Mídia esteja sendo usada para denegrir a imagem da Instituição! Quanta ironia, como jornalista, com acesso aos veículos, jamais denuncie devolução de dinheiro, compras de última hora, descaso, abandono e tantos outros episódios que renderiam muitas centimetragens nos jornais e horas de gravação nos veículos eletrônicos!
Não declaro um tardio arrependimento, mas um lamento pela falta de compromisso, de respeito, de amor à Instituição. Afinal, os valores estão ligados ao caráter e à decência das pessoas. Infelizmente, os homens decepcionam os homens. Creio, no entanto, na Justiça celestial. Durante esse período turbulento, Deus foi o nosso maior companheiro e a Sua glória deu-nos a vitória nas urnas. Vitória limpa, de uma campanha que não negociou cargos, não aliciou…
Vencemos, tendo como base um projeto de fortalecimento, de integração e de apreço ao IFPE, de respeito aos colegas de trabalho, estima aos estudantes e amor à Educação. Nunca nos preocupamos com os números, as diferenças, pois os números devem ser analisados por contextos. Só Deus sabe contra “o quê” lutamos! Shakespeare, há séculos, profetizava: há muito mais coisas entre o céu e a terra do que possa imaginar nossa vã filosofia!
Os mais próximos testemunharam o meu sofrimento. Fui agredida, desqualificada, atacada no que mais prezo na vida, ferida como cidadã e como mulher. Suportei a tudo, como uma mãe que defende a guarda de um filho! É preciso dar um basta neste festival de mentiras e ataques! O palanque ainda está armado e algumas pessoas parecem vivenciar uma verdadeira guerra e se comportam de maneira agressiva e leviana, deseducando nossos estudantes!
O nosso convite não é ao embate, mas à reflexão, à interpretação da indagação sobre o lugar da Educação nesse processo. Diariamente, são postadas mensagens desrespeitosas sobre mim e a legitimidade do pleito. Interessante observar que todas essas “mazelas” só apreceram após a divulgação do resultado! Essa orquestração afeta a Instituição, que deveria estar acima das vaidades pessoais e das intenções nada nobre de alguns grupos, cujo objetivo é o poder pelo poder!
É importante destacar que o processo eleitoral foi acompanhado por todos os candidatos, além de seus assessores, fiscais e advogados. Tivemos ainda observadores do MEC, a pedido da Reitoria, da Procuradoria Regional Federal e da Comissão Eleitoral, legitimamente eleita por seus pares (segmentos docente, discente e servidores administrativos).
A tarefa superior, de todos nós, deveria ser a luta pela Educação de qualidade, da formação cidadã, da divulgação e exercício pleno dos valores humanos e cristãos, mas testemunhamos um verdadeiro massacre à imagem institucional, como nunca visto, e a ataques aos que edificaram esta Casa de Educação.
Pedimos, mais uma vez, uma reflexão em defesa da moral institucional, ante a qual os verdadeiros educadores estão convidados a reiteradamente nos ajudar nessa divulgação e levar nossos estudantes à compreensão do momento; evitando que sejam usados! A problemática desses fatos está inserida no contexto de uma discussão político-moral, mais especificamente, da ausência de valores para aceitar o que foi legitimado pelas urnas! Queremos um ideal mais elevado para nosso Instituto, para a Educação, para os jovens brasileiros!
*Reitora eleita do IFPE, professora de Comunicação e jornalista.
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