Lembranças.
Impossível ser percebido ao
nascer;
Seu primeiro brinquedo? Brincar
com barquinhos de papel
nas águas não saneadas da
comunidade.
Na infância, a escola sem qualidade.
Mas que permitia a ele pegar uma
merenda escolar
e a bolsa família.
Apoio? Nem familiar, nem
comunitário.
No primeiro furto começa a chamar
atenção
Nos próximos a aproximação
Não foi a família, nem a igreja,
nem o Estado.
Mas o traficante
Esse próximo lhe “acolheu” em
troca de um “trabalho fácil”.
E começaram os atos infracionais;
Quando o erro foi grave, a comunidade, a igreja e o Estado gritaram em uma só
voz:
Crucifica-o!
Poucos até tentaram convencê-los
que havia alternativas
Mas eles gritavam mais alto,
tirem da nossa cidade.
E absolutamente só, foi encaminhado
para uma unidade de internação do Estado.
Por um bom tempo esteve lá, esquecido.
Mas, um dia ouviram a notícia:
Num dia de abril de 2010.
Aconteceu uma rebelião e um jovem
de dezesseis anos
Foi morto. Crucificado na trave
da quadra de esportes
Cravaram uma madeira com ponta em
seu corpo
Diferente de outro companheiro, não
foi decapitado.
Foi crucificado.
Não havia forma alguma em seu
rosto
Reputado como o pior ser humano
e como raiz de
uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não
havia boa aparência para que o
desejássemos.
Para sua
comunidade, alívio.
Mas ele foi ferido e morto por causa das nossas omissões, e moído por causa do descaso de diversos governos.
Mas ele foi ferido e morto por causa das nossas omissões, e moído por causa do descaso de diversos governos.
Não houve defesa
nem depois de sua morte
Não houve um só pronunciamento
das autoridades a seu favor
Coloquem guardas
para vigiar seu corpo! Não permitam que divulguem!
Enquanto isso,
outros mortos, queimados e decapitados.
Blasfêmia?
Blasfêmia.
Até quando?
Silvino Neto
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