terça-feira, 22 de maio de 2012

Quase 30% dos pernambucanos praticam atos corruptos, mas condenam no âmbito político

A pesquisa faz parte das ações de uma campanha promovida pelo Ministério Público
Imagem: divulgação

Mariana DantasDo NE10

Antes de sair de casa, Paulo baixou várias músicas na internet para ouvir no seu MP3. Entrou no carro com o fone no ouvido e, enquanto dirigia, acabou sendo flagrado pelo agente de trânsito. Para não pagar a multa, o jovem ofereceu dinheiro ao guarda. Devido ao "imprevisto", Paulo chegou atrasado ao trabalho e decidiu furar a fila do elevador. Cansado após um dia inteiro de reuniões, ele abordou um ambulante que passava na rua para comprar um filme pirata. A noite seria de descanso, em frente à TV, na companhia da família.

A história é fictícia, mas as atitudes do personagem são bastante comuns e, infelizmente, praticadas por quase 30% da população do Grande Recife. E o pior, algumas atitudes citadas acima, como comprar produtos piratas, é considerada correta ou aceitável por 53% dos moradores da Região Metropolitana. A porcentagem aumenta para 83% quando se trata de baixar músicas ou livros na internet. É o que mostra o resultado da pesquisa "O que você tem a ver com a corrupção?", desenvolvida pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) em parceria com a Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire). 

A pesquisa teve como objetivo avaliar o nível de tolerância da população da RMR em relação a corrupção e como a prática está presente nas suas vidas. O resultado foi apresentado à imprensa na tarde desta segunda-feira (21), no auditório da Fafire, na Boa Vista, no Recife.
Foram entrevistados, entre os últimos dias 5 e 12 de março, 700 moradores das cidades do Recife, Olinda, Paulista, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe, Abreu e Lima, Igarassu, Moreno, Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca. Homens e mulheres de diferentes idades (a partir dos 16 anos), renda familiar e escolaridade puderam opiniar sobre atitudes corruptas relacionadas com o cotidiano, o serviço público e a política nacional.

"Uma parcela da sociedade tem dificuldade de entender que certas atitudes do dia a dia podem ser consideradas corruptas. Esperamos que a pesquisa sirva de instrumento para conscientizar a população em prol de uma sociedade melhor. Vamos usar os dados para promover debates sobre o tema. Já em relação à política nacional, o Ministério Público entende que as punições devem ser mais severas para coibir a prática da corrupção", afirmou o promotor de Justiça Maviael Souza. Segundo ele, a corrupção no Brasil resulta no desvio anual de aproximadamente R$ 70 bilhões dos cofres públicos. 

DADOS POSITIVOS  - Felizmente, nem tudo é aceitável pela maioria da população. Furar fila é uma atitude errada para 92% dos entrevistados. E se o cidadão pernambucano é mais tolerante em relação a algumas atitudes corruptas do cotidiano, a corrupção envolvendo o serviço público e a política nacional é condenada pela maioria (confira na pesquisa abaixo).
Pagar propina a um policial para não receber multa, por exemplo, é uma atitude grave para 93% das pessoas entrevistadas. 94,46% também acreditam que agilizar a liberação de documentos através do pagamento de um extra a funcionários públicos é uma atitude grave. Já os políticos que compram votos foram os campeões de rejeição. 99,12% dos moradores do Grande Recife condenam a prática.

Durante a apresentação da pesquisa, o coordenador do grupo de estudos da Fafire, Uranilson Carvalho, responsável pelo trabalho, explicou que a análise dos resultados também levou em consideração os dados socioeconômicos dos entrevistados.
"A escolaridade aparece como um fator relevante na percepção sobre os atos de corrupção. Quanto mais alta a escolaridade, maior o percentual dos que afirmam nunca praticar corrupção. Isso prova como é necessário investir em educação", explicou.

Em relação ao gênero, as mulheres (74,25%) afirmam praticar menos atos de corrupção que os homens (70,45%). Em relação à faixa etária, o percentual dos que afirmam nunca praticar corrupção é menor entre os mais velhos em comparação com os mais novos.

Fonte: NE10

Um comentário:

  1. Interessante!!! Sem dúvida a educação é fundamental, mas, falando em corrupção, vcs estão cegamente errados em afirmar que quem não estudou pratica mais corrupçao. Até parece que vcs não assistem tv nem ler jornais! A maioria dos corruptos são formados nas melhores faculdades, a questão é que quem tem um certo nivel de educação tem muito mais habilidade até para mentir. Meu pai nunca frequentou uma escola, porém nunca praticou tais coisas, mesmo passando nessecidade. Acho que vcs deveriam rever esses conceitos!!!

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