A saída para a convivência da população do sertão com a realidade
semiárida está no desenvolvimento de iniciativas de captação e manejo de
água de chuva, a partir dos potenciais hídricos e naturais existentes
nas pequenas propriedades agrícolas. É o que mostra nossa experiência no
Centro de Educação Popular e Formação Social (CEPFS) — uma organização
que atua há mais de 20 anos com ações que fomentam o desenvolvimento
sustentável do sertão paraibano. Nos últimos tempos, temos investido em
uma estratégia de distribuição difusa da água, visando ao atendimento
das necessidades básicas dos moradores e o incentivo à agricultura
familiar e ao desenvolvimento local.
Apesar dos bons resultados obtidos, ainda é necessário realizar um
estudo mais detalhado que indique, com segurança, qual o volume de água
necessário para uma família, por exemplo, com seis membros, atravessar
um ano de estiagem prolongada, a exemplo da atual seca que assola boa
parte do semiárido brasileiro atualmente.
Sem dúvida, essa pesquisa, urgente, traria elementos que aprimorariam
as ações já desenvolvidas pela sociedade civil e permitiria pensar em
mais alternativas para a convivência das famílias com este clima.
Além da ausência de dados relevantes para novas soluções, as
políticas públicas têm privilegiado ações ligadas a um processo de
distribuição centralizado e de gestão dependente, caso da construção de
grandes reservatórios e canais de transposição.
Evidentemente, para o atendimento de massas consumidoras de água,
como as populações dos grandes centros urbanos, é importante o estudo
das possíveis interligações de bacias. Mas, quando se pensa nas
populações rurais, no fortalecimento da agricultura familiar, pesquisas e
implementação de iniciativas de captação e manejo de água na
propriedade podem responder melhor a uma proposta de desenvolvimento
local, com princípios de sustentabilidade.
Do ponto de vista de mananciais de uso coletivo, é importante
ressaltar que quase não há iniciativas de governo voltadas à recuperação
dos já existentes, nem das capacidades das bacias ou microbacias onde
eles estão localizados. O impulso tem sido de construir novos
reservatórios, sem estudar as condições e capacidades de captação. Desse
modo, perde-se a oportunidade de melhorar o atendimento das famílias no
geral e de contribuir para divisão do volume de água dos reservatórios
coletivos.
Portanto, para a segurança hídrica das propriedades da agricultura
familiar no semiárido, são necessários estudos, com o propósito de
subsidiar investimentos adequados e eficientes em estruturas difusas de
distribuição, a serem construídas nas próprias propriedades, de acordo
com seus potenciais hídricos naturais. No âmbito coletivo, as pesquisas
podem direcionar investimentos na recuperação dos mananciais, bacias e
microbacias de modo a permitir maior e melhor capacidade de captação,
armazenamento e uso das águas que caem nas regiões.
Por: José Dias Campos (Economista, coordenador Executivo/CEPFS e Empreendedor Social da Ashoka/Lemelson) e José Rego Neto (Licenciado em Geografia e Assessor Técnico do CEPFS)
Por: José Dias Campos (Economista, coordenador Executivo/CEPFS e Empreendedor Social da Ashoka/Lemelson) e José Rego Neto (Licenciado em Geografia e Assessor Técnico do CEPFS)
Saiba mais em http://www.cepfs.org/
Fonte: RETS
Nenhum comentário:
Postar um comentário