Por Ligia Pitta Ribeiro e Carlos Rittl* - O debate sobre sustentabilidade na matriz elétrica brasileira esteve por muito tempo em segundo plano devido à grande participação de fontes renováveis. A Rio +20 ajudou a ampliar a discussão. Cerca de 70% da energia elétrica gerada no Brasil vem de grandes hidrelétricas. Essa fonte, embora renovável, provoca impactos significativos em sua implantação. Mesmo assim, de acordo com nossos planos de expansão da geração de eletricidade para 2020, quase 60% da nova energia virá de hidrelétricas, instaladas principalmente na Amazônia. Para o mesmo ano futuro, estima-se que teremos mais eletricidade oriunda de energia nuclear e de fontes fósseis do que de fontes renováveis de baixo impacto, o que é paradoxal em um país rico em fontes alternativas e com potencial subaproveitado.
No passado dia 15 de agosto, durante o VIII Congresso Brasileiro de Planejamento Energético em Curitiba (PR), o WWF- Brasil lançou o estudo “Além de grandes hidrelétricas: políticas para fontes renováveis de energia elétrica no Brasil”. Ele revela um abismo entre o potencial brasileiro de geração de eletricidade de fontes alternativas – como eólica, biomassa de cana-de-açúcar e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) – e a capacidade instalada no país a partir dessas fontes, ainda pouco exploradas e com obstáculos consideráveis para a sua expansão.
O relatório demonstra que, por meio de planejamento adequado, políticas e incentivos positivos robustos e diferenciados, pode-se aumentar a competitividade e a participação das fontes renováveis alternativas na matriz de eletricidade do país, sendo viável ampliar em 40% a participação de três delas (eólica, biomassa e PCHs) nos leilões de energia nova.
Para tanto, o planejamento da expansão da nossa matriz energética deve estabelecer um equilíbrio entre aspectos técnicos, econômicos, sociais e ambientais. A sustentabilidade socioambiental precisa ser fator central nos processos de tomada de decisão. E algumas questões requerem amplo debate para reduzir a utilização de energias fósseis e de energia nuclear, bem como a dependência de grandes hidrelétricas.
É fundamental ainda investir em medidas de eficiência e racionalização que reduzam a necessidade da instalação de projetos de grande impacto, além de diversificar a nossa matriz, complementando a hidroeletricidade com outras fontes de energia limpa, renovável e de baixo impacto. Cabe ao governo federal, então, estabelecer metas ambiciosas de expansão das fontes renováveis alternativas, realizar leilões específicos para cada uma nos leilões de energia nova e direcionar para elas incentivos e subsídios, como os hoje destinados aos combustíveis fósseis.
Com planejamento adequado e políticas estratégicas, é possível atender a uma parte significativa da demanda por eletricidade a partir de fontes de menor impacto, fazendo com que deixem de ser apenas alternativas para se tornarem prioritárias numa matriz energética mais sustentável para o país.
* Ligia Pitta Ribeiro é analista de Conservação do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil.
*Carlos Rittl é coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil.
No passado dia 15 de agosto, durante o VIII Congresso Brasileiro de Planejamento Energético em Curitiba (PR), o WWF- Brasil lançou o estudo “Além de grandes hidrelétricas: políticas para fontes renováveis de energia elétrica no Brasil”. Ele revela um abismo entre o potencial brasileiro de geração de eletricidade de fontes alternativas – como eólica, biomassa de cana-de-açúcar e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) – e a capacidade instalada no país a partir dessas fontes, ainda pouco exploradas e com obstáculos consideráveis para a sua expansão.
O relatório demonstra que, por meio de planejamento adequado, políticas e incentivos positivos robustos e diferenciados, pode-se aumentar a competitividade e a participação das fontes renováveis alternativas na matriz de eletricidade do país, sendo viável ampliar em 40% a participação de três delas (eólica, biomassa e PCHs) nos leilões de energia nova.
Para tanto, o planejamento da expansão da nossa matriz energética deve estabelecer um equilíbrio entre aspectos técnicos, econômicos, sociais e ambientais. A sustentabilidade socioambiental precisa ser fator central nos processos de tomada de decisão. E algumas questões requerem amplo debate para reduzir a utilização de energias fósseis e de energia nuclear, bem como a dependência de grandes hidrelétricas.
É fundamental ainda investir em medidas de eficiência e racionalização que reduzam a necessidade da instalação de projetos de grande impacto, além de diversificar a nossa matriz, complementando a hidroeletricidade com outras fontes de energia limpa, renovável e de baixo impacto. Cabe ao governo federal, então, estabelecer metas ambiciosas de expansão das fontes renováveis alternativas, realizar leilões específicos para cada uma nos leilões de energia nova e direcionar para elas incentivos e subsídios, como os hoje destinados aos combustíveis fósseis.
Com planejamento adequado e políticas estratégicas, é possível atender a uma parte significativa da demanda por eletricidade a partir de fontes de menor impacto, fazendo com que deixem de ser apenas alternativas para se tornarem prioritárias numa matriz energética mais sustentável para o país.
* Ligia Pitta Ribeiro é analista de Conservação do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil.
*Carlos Rittl é coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil.
Fonte: RETS
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