quarta-feira, 23 de abril de 2014

Os zumbis da droga no Centro do Recife

Homens, mulheres (inclusive grávidas) e crianças consomem cola, crack e maconha livremente na Rua do Hospício

Um cenário de degradação humana chama a atenção e choca os comerciantes, pedestres 

e motoristas que passam diariamente pela Rua do Hospício, no Centro do Recife. Adultos, 

adolescentes e até crianças perambulam sujos, alguns deles seminus, pelas calçadas cheirando 

cola e fumando crack e maconha livremente. À luz do dia, homens e mulheres, que mais 

parecem zumbis, caminham com tubos de produto tóxico nas mãos para saciar o vício. A poucos 

metros, há um posto fixo da Polícia Militar de Pernambuco. Mesmo assim, ninguém parece 

inibido com a presença do efetivo de plantão. 

Atormentado pela formação de uma verdadeira “cracolândia” aos olhos do poder público, 

um comerciante da localidade decidiu procurar apoio da Secretaria de Defesa Social 

(SDS), encaminhando material com uma série de fotografias de flagrantes do consumo dos 

entorpecentes. De acordo com ele, porém, não houve uma ação efetiva para acabar com o caos. 

Ontem, por meio do aplicativo de celular WhatsApp, o novo canal de diálogo do Diario com o 

leitor, ele enviou imagens para denunciar a situação.

O comerciante, que preferiu não se identificar, relatou que o problema se agravou desde 

junho do ano passado. Segundo ele, há dias em que mais de 20 pessoas, de todas as idades, se 

espalham pela rua consumindo as drogas. “Desde novembro estou tirando fotos”, contou. 

Entre as imagens recebidas pelo Diario, uma mulher grávida aparece cheirando cola, no meio 

da rua, próximo a taxistas e vendedores da localidade. “No sábado passado, grupos fumavam 

maconha tranquilamente. Havia gente no posto policial, mas ninguém fez nada. A gente chama 

os PMs para eles realizarem abordagens, mas quando eles vão, as drogas já foram consumidas”, 

afirmou o comerciante, dizendo que o movimento de clientes nas lojas da Rua do Hospício vem 

perdendo o fôlego por conta do medo. 

Casarões e escola

O problema das cracolândias na RMR não se resume ao Centro da Cidade. No mês passado, por 

exemplo, o Diario denunciou o consumo de entorpecentes em casarões abandonados em bairros 

nobres da Zona Norte do Recife. Um deles fica na esquina da Avenida José Bonifácio com a Rua 

Padre Anchieta, um dos locais mais movimentados da Torre. Antes, também denunciamos o 

consumo de drogas no terreno de uma escola pública de Peixinhos, em Olinda.

Problema social e de segurança

O Diario entrou em contato ontem à tarde com a Secretaria de Defesa Social (SDS) para pedir 

um posicionamento sobre o caso. A reportagem foi informada de que cabe à Polícia Militar de 

Pernambuco, subordinada ao órgão, responder sobre o assunto. Já o comandante do 16º Batalhão 

da PM, tenente-coronel Jailton Pereira, afirmou que “a questão de consumo de drogas não é um 

problema da polícia”.

“O nosso trabalho é voltado para a repressão ao tráfico de drogas. Só podemos tomar uma 

providência quando esses usuários praticam algum tipo de delito. Caso contrário, existem os 

programas de prevenção do governo estadual e da prefeitura”, pontuou o tenente-coronel. 

Segundo ele, duas viaturas da Patrulha do Bairro fazem rondas na Boa Vista, além de equipes de 

PMs motorizados. 

A prefeitura mantém oito unidades do Centro de Referência da Assistência Social (Cras), que 

acolhem usuários de drogas e álcool, mas essas pessoas não podem ser retiradas da rua à força. 

O comandante do 16º BPM garantiu ainda que, mesmo assim, pedirá ao serviço de inteligência 

da SDS um levantamento do caso para que o mesmo seja encaminhado às câmaras técnicas para 

avaliação de providências a serem tomadas para diminuir a incidência do problema.

Fonte: Diário de Pernambuco

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