quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

ENTREVISTA - JOÃO JOSÉ DA SILVA


João José da Silva*


 Militante dos Movimentos Populares, dos Direitos Humanos e pela Justiça Social. Socialista por convicção, nesta entrevista, João fala sobre os serviços oferecidos pelos governos, políticas públicas e atuação dos movimentos no controle social.

BLOG DO CEDES – Quais os objetivos principais do Movimento de Luta Popular e Comunitário de Pernambuco?

Buscar desenvolver a consciência crítica e política de nosso povo. Desenvolver ainda o PODER POPULAR e COLETIVO nas pessoas.

BLOG DO CEDES – Muito se tem falado sobre o enfraquecimento dos movimentos populares. O que tem levado esses movimentos a perderem a força que tinham em décadas anteriores?

Primeiro a ânsia pelo chamado “poder”, por conta de vários (as) militantes estarem engajados nos gabinetes sem a sua autocrítica e o seu pensar. Os membros (as) da esquerda anterior estão todos (as) na estrutura de “poder”. Esqueceram que o tal “poder” não é o PODER POPULAR do POVO. Após o Governo LULA e nele as coisas só ficaram complicadas de se articular. Hoje nem a “chamada oposição” consegue bater no governo. A não ser a imprensa. Que é quem derruba Ministros e quem ela queira nos dias de hoje. 

BOLG DO CEDES – O que o senhor tem a dizer sobre as políticas habitacionais implantadas atualmente?

Ainda está muito longe de ser uma política pública de ESTADO. O que temos é uma política de Governo e que atende aos anseios do Setor Industrial da Construção Civil. Primeiro foi uma política que não levou em consideração o CONSELHO NACIONAL DAS CIDADES. Foi só discutida e gestada no interior do Governo Lula e continua sendo gestada no Governo Dilma. O leque não foi aberto para que os Movimentos Populares, que é minoria no CONCIDADES a discutisse com qualidade e fosse feita as devidas emendas ao Projeto de Lei à época. Precisamos de mais e queremos uma Política Pública de Estado de fato e de direito com ampla participação com Justiça Social.

BLOG DO CEDES – A população tem reclamado constantemente sobre a falta de água em diversas comunidades, isso se deve a escassez ou o governo do estado vem sendo inoperante na solução deste grande problema em Pernambuco?

Penso que a política gestada na Secretaria de Recursos Hídricos e na Compesa é de privatização do setor. Isso implica dizer que não é inoperância, e sim, proposital. Tanto a falta d`água, como os diversos desmandos é parte do processo citado acima. O Governo do Estado quer privatizar o setor de esgoto só na região metropolitana, esse é o filé que as empresas privadas querem para poderem vender os serviços mais caro e não irá resolver os problemas da população. O exemplo bem perto é o setor de telefonia e de energia.

BLOG DO CEDES – Outro grande problema tem sido em relação aos serviços de saúde. Por que a população ainda sofre tanto quando precisa desta assistência?

Do mesmo modo que é na questão da água, também o é na saúde. As coisas não vão andar enquanto a população não se permitir administrar o SUS (Sistema Único de Saúde). Enquanto os Governos (Municipal, Distrital, Estadual e Federal) sucateam o SUS para oferecer a iniciativa privada toda estrutura reformada, nós, o Povo iremos cada vez mais sofrer. Recursos existem, mais se não fizermos o real CONTROLE SOCIAL de fato e de direito às ações em saúde não irão sair do papel. Enquanto isso, vão sendo criadas as UPAS e Hospitais de Referências administrados pela iniciativa privada.

BLOG DO CEDES – Em sua opinião, por que o Governo do Estado, não consegue cumprir o que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente, no que se refere aos adolescentes que cumprem medida sócio-educativa, nas unidades de internação?

Primeiro é preciso ter vontade política inclusive para promover a mudança numa estrutura que está montada desde a época do Código de Menores. Onde ainda se chama criança de menor. As Unidades de Internação da antiga FEBEM (hoje FUNASE) ainda permanece as mesmas pessoas com as mentes desta famigerada FEBEM e do Código de Menores, o que se vai mudar nesse contexto. Quem sente na pele são os adolescentes em conflito com a Lei. Precisamos realizar uma verdadeira REVOLUÇÃO CULTURAL e colocar o Estatuto da Criança e do Adolescente em nossas mentes e coração se quisermos realizar as Mudanças com Justiça Social.

BLOG DO CEDES – Em 2011 estão sendo realizadas as Conferências Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente. Por que é tão difícil implantar as propostas elaboradas nestas conferências?

Primeiro porque não há vontade política dos Gestores de Plantão por mais bem intencionado que seja. Os acordos eleitorais com os CAPITALISTAS DE PLANTÃO não irão permitir que os recursos sejam priorizados para as devidas políticas públicas. A intenção é a barganha pelos recursos existentes nas diversas políticas públicas, e na área da criança e do adolescente não irá ser diferente. É importante ver que por mais que tentemos as coisas não são como deveriam ser. Infelizmente.

BLOG DO CEDES – Como o senhor tem visto a atuação dos conselhos setoriais em geral?

De certa forma refém dos Gestores. As entidades da sociedade civil “organizada” não conseguem dar o pulo do gato e se articularem mais ainda na busca de dias melhores para o bem coletivo de nossas crianças e adolescentes que estão carentes e na beira da miséria/órfão da política específica.

BLOG DO CEDES – Como o MLPC – PE pretende atuar em 2012, ano de eleições municipais? Existe alguma programação, no sentido de orientar os eleitores?

A organização MLPC/PE (Movimento de Luta Popular e Comunitário de Pernambuco) tem agido em coletivo junto ao FERU/PE (Fórum Estadual de Reforma Urbana de Pernambuco) que também agrega outras organizações que todo o ano de eleições nos diversos níveis realizamos e propomos uma PLATAFORMA ELEITORAL para os candidatos ao executivo (Prefeito) e Legislativo (Vereadores) com diversas proposições para a qualidade de vida das populações que necessitam das políticas públicas.

*Graduando em Direito, Educador Social, Ex-Conselheiro Tutelar do Recife, atualmente faz parte da Coordenação do MLPC-PE.

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