sexta-feira, 1 de julho de 2011

SEJA GENTIL. RESPEITE O DIREITO DOS IDOSOS

“Gentileza faz a diferença”. Com este lema, a empresa Grande Recife Consórcio de Transporte iniciou um trabalho permanente de atenção aos passageiros que possuem acesso livre nos coletivos. A proposta é garantir o direito que é destinado a estes usuários. Assentos na parte dianteira dos ônibus, elevadores para deficientes físicos - 60% da frota possuem o equipamento -, bem como o tratamento a todos que precisam utilizar o transporte são benefícios que devem ser assegurados. “A gente sabe que em mercados, restaurantes e em outros lugares essas pessoas são respeitadas. Queremos estender essa prática aos ônibus e às paradas também. Para isto, tanto os passageiros quantos os cobradores e motoristas precisam colaborar. É uma questão de bom senso, mesmo”, relatou a gerente de relacionamentos do Grande Recife, Fernanda Gouveia.
Os usuários, por sua vez, queixam-se do comportamento das pessoas que não possuem carteira de livre de acesso e que, no entanto, ocupam as seis cadeiras da parte dianteira dos coletivos. Desta forma, os idosos sentem-se constrangidos e acabem permanecendo em pé. “Tem gente que fica sentado lá na frente, finge que está dormindo, ou vira ‘pra’ janela. Eu não vou pedir ‘pra’ uma pessoa dessa levantar”, comentou o aposentado José Manuel da Silva, 72.
No entanto, há quem se indigne e exija seus direitos. É o caso do passageiro Evandro Lins, 75. “Eu estava saindo do shopping com minha esposa e, quando entrei no ônibus, havia duas moças sentadas na parte da frente. Perguntei se elas tinham a carteirinha, e disseram que não. Então, eu pedi que elas levantassem para darem o lugar, pelo menos, a minha esposa. Elas viraram para mim e disseram ‘eu não sei o que esses velhos vêm fazer no shopping’. Veja que absurdo!”, contou. “E nem o motorista, nem o cobrador fizeram nada. É, sempre, assim”, complementou.
Entre as reclamações, houve, ainda, quem se queixasse dos condutores “queimarem as paradas”. “Agorinha, eu perdi um ônibus porque o motorista não parou. Tive que pegar esse outro”, revelou o aposentado Valter Lopes, 76, sentado na cadeira reservada aos idosos.
Contudo, não há só críticas aos profissionais. “Geralmente, alguns motoristas não param ‘pra’ a gente subir. Mas, não são todos. É uma minoria. Tem outros que tratam a gente muito bem, com paciência”, externou a pensionista Tereza Almeida, 64.
De acordo com o cobrador Alexandre Rodrigues, 30, a situação é complicada. “Geralmente, eu não peço, mesmo, para que as pessoas (que não têm carteira) levantem, porque isso gera um problema muito grande. Eles acham ruim, dizem que a gente não tem nada a ver com a história”, confessou. O motorista Carlos Antônio de Souza, pelo mesmo motivo, relatou não se envolver com tais questões. “Acho que cada um tem que ter sua consciência de levantar. Se eu for pedir, me complico”, relatou.
Conforme Gouveia, no entanto, desde 2007, há uma Comissão Permanente de Acessibilidade. Órgão vinculado ao Grande Recife Consórcio e responsável por buscar soluções para que as condições relegadas aos passageiros sejam mais positivas. “Trabalhamos com o foco de melhorar esse atendimento aos usuários. Quem tem assento preferencial deve exigir o lugar. Quando tiver cheio, é só pedir ao motorista para abrir a porta traseira. A gente também pede para a população registrar reclamações e elogios, quando houver o merecimento. Por meio disto, temos um controle para conseguirmos melhorar o atendimento de forma gradual”, aconselhou. Ainda de acordo com a gerente, o Consórcio realiza blitzes educativas para fiscalizar os coletivos e orientar usuários e profissionais.

Fonte: Folha de Pernambuco

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