quinta-feira, 11 de outubro de 2012

PASSO A PASSO


Ontem, dia 10 de outubro, estivemos novamente na rua, mais precisamente no Pátio do Carmo, realizando a 8ª Vigília em Defesa dos Direitos dos Adolescentes e Jovens que Cumprem Medidas Socioeducativas em Pernambuco. Protestamos, denunciamos, exigimos e informamos. Demos mais um passo em direção às mudanças do falido Sistema Socioeducativo de Pernambuco, que mantém uma estrutura de morte, que mata adolescentes e jovens queimados, decapitados, esquartejados. Sim, demos mais um passo. Pode ser que os que não acreditam nas nossas vigílias (e não são poucos) digam que estamos perdendo tempo, que estamos realizando uma ação sem resultados precisos. Não importa, o Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente e o Fórum Socioeducativo de Pernambuco deram mais um passo.
            O passo que esta vigília representou, se revela de várias formas. Chegando ao Pátio do Carmo, tivemos a notícia de que não teríamos o carro de som, que sempre é de grande ajuda para nós. Mas, tínhamos um caixa de som, um microfone, um notebook e uma extensão. Era o suficiente. Precisávamos de um ponto de energia. Recorremos à Basílica do Carmo. Não tivemos permissão. Procuramos um dos estabelecimentos comerciais do Pátio e encontramos um jovem que disponibilizou a energia de seu pequeno fiteiro. Quando fomos explicar para ele o objetivo de nosso evento, o mesmo nem deixou terminarmos, pois já conhecia a mobilização, por causa de nossa presença mensal naquele lugar. A energia de seu fiteiro foi disponibilizada como um apoio à nossa mobilização. Aquele rapaz demonstrou sensibilidade em relação à causa de nossa luta.
            Durante os discursos, não foram poucas as manifestações de pessoas que passavam e davam sinal de positivo para os oradores. Inclusive, uma mulher que passava pelo Pátio desviou o seu caminho e se dirigiu até Milton (Fórum Socioeducativo), estendeu-lhe a mão e o cumprimentou no momento de seu discurso.
Lá para as tantas, uma jovem me abordou e pediu um panfleto, dizendo-me que costumava assistir nossas vigílias da janela de seu escritório, que fica num prédio vizinho ao Pátio.
            Já perto do final do evento, um jovem que passava pelo local abordou Silvino e perguntou-lhe onde conseguiria um exemplar do Estatuto da Criança e do Adolescente.
            Além de tudo isso, houve uma grande representatividade de adolescentes e jovens que mostraram a sua cara, o seu protesto e o seu talento, vindos de Igarassu, Moreno, Belo Jardim, Gravatá, Lagoa de Itaenga e do próprio Recife.
            O que representa para nós a atitude do dono do fiteiro? Ou as manifestações de apoio das pessoas que sinalizaram positivamente para nós e nos cumprimentaram? Ou o pedido do jovem que quer um exemplar do ECA? Ou ainda a presença dos adolescentes e jovens? Será que esses fatos não dizem nada? Dizem, sim. Dizem que demos mais um passo. Dizem que não estamos parados. Dizem que estamos cumprindo o nosso objetivo. Aos poucos, estamos começando a ser ouvidos pela sociedade. Aos poucos, os pedidos de socorro dos meninos e meninas do Sistema Socioeducativo de Pernambuco começam a receber atenção. Aos poucos, o Governo do Estado de Pernambuco vai sendo desmascarado em sua incompetência diante das violências cometidas contra esses meninos e meninas. Passo a passo, a gente chega lá.

Reginaldo José da Silva
(Membro da Coordenação do Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente e Assessor de Projetos Sociais da KNH Brasil Nordeste)

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