domingo, 25 de novembro de 2012

Perguntas e respostas sobre trabalho escravo e a PEC 57A/199 (ex-PEC 438/2001)


Créditos: Leonardo Sakamoto 
Produzido pela Repórter Brasil a pedido da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae)
1) Em poucas palavras, o que é trabalho escravo?
É quando o trabalhador não consegue se desligar do patrão por fraude ou violência, quando é forçado a trabalhar contra sua vontade, quando é sujeito a condições desumanas de trabalho ou é obrigado a trabalhar tanto e por tantas horas que seu corpo não aguenta.

2) O conceito de trabalho escravo é frágil?
Não, não é. O artigo 149 do Código Penal, que prevê de dois a oito anos de cadeia para quem se utilizar dessa prática, é de 1940 e foi reformado em 2003 para ficar mais claro. Ele prevê o crime em quatro situações: cerceamento de liberdade de se desligar do serviço, servidão por dívida, condições degradantes de trabalho e jornada exaustiva.

3) Quem concorda que o conceito atual é bom?
Tribunais já utilizam, sem problemas, o conceito de trabalho escravo. A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal tem aceitado processos por esse crime com base no artigo 149. A Organização Internacional do Trabalho reconhece o conceito brasileiro. A relatora para formas contemporâneas de escravidão das Nações Unidas, Gulnara Shahinian, elogia o conceito brasileiro (ao contrário do que querem fazer crer algumas declarações de parlamentares que distorceram suas palavras). O governo federal, as empresas do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo (que reúne as maiores empresas do país) e organizações sociais brasileiras defendem a manutenção do atual conceito de trabalho escravo.

Trabalhador resgatado em fazenda no Pará 
4) Vale a pena ceder um pouco no conceito para aprovar a PEC?
Não. Todo o sistema de combate ao trabalho escravo no país está fundamentado no atual conceito de trabalho escravo. Se ele for alterado, o sistema desmorona e milhares de trabalhadores ficarão sem receber seus direitos. Além disso, pela Constituição, o Brasil não pode retirar proteção do trabalhador - o que aconteceria com mudanças no conceito como querem alguns parlamentares.

5) "Condições degradantes de trabalho" e "jornada exaustiva" são termos imprecisos, não?
De forma alguma. O que está tutelado no artigo 149 não é apenas a liberdade, mas sim a dignidade da pessoa humana. Ou seja, é importantíssimo que se mantenha a punição para quem desrespeita a dignidade do trabalhador, sujeitando-o a condições de alojamento, alimentação, trabalho, saúde, segurança desumanas. Ou que o obrigue a trabalhar tanto e por tantas horas que o seu corpo não suporte e ele acabe morrendo. Os auditores fiscais do trabalho utilizam instruções normativas e normas regulamentadoras para cumprir seu papel. Mas a Justiça utiliza a CLT e a Constituição para julgar se o trabalho é degradante ou não e se a jornada é exaustiva ou não. Ou seja, leis mais do que consolidadas no país.

6) O atual conceito causa insegurança jurídica no campo porque ninguém sabe o que é trabalho escravo.
Isso é uma falácia. A tentativa de mudar um conceito conhecido e aplicado é que vai levar à insegurança jurídica, com milhares de processos tendo que tomar um novo rumo, trabalhadores desconhecendo seus direitos, produtores rurais na dúvida de que decisões tomar. Até porque qualquer mudança, seja no artigo 149, seja em lei específica, será questionado não apenas junto ao STF, por reduzir a proteção do trabalhador, mas também nas Naçnoes Unidas e na OIT. O que é melhor? Um produtor reconhecer esse conceito como válido e se adequar ou uma guerra jurídica de anos, sendo que certamente o Supremo concederia liminar para que a definição do 149 seguisse valendo até uma decisão final? Os parlamentares consideram o conceito inseguro porque, na verdade, não concordam com ele.

Água utilizada por trabalhadores resgatados
7) Há produtores rurais que foram autuados por trabalho escravo devido à distância entre beliches, espessura do colchão, falta de copos para beber água, de carteira assinada e de um local adequado para refeições.
Esse é um argumento facilmente desconstruído. Quando um auditor fiscaliza um produtor, ele emite autos de infração sobre todos os problemas encontrados. Mas não é auto de infração de colchão fino que configura o trabalho escravo. Quando ouvir um produtor ou parlamentar dizer isso, pergunte sobre os outros autos de infração recebidos, sobre os quais nunca alguém quer falar. Além do mais, não é apenas um auto que caracteriza trabalho escravo, mas um pacote deles, mostrando as péssimas condições dos trabalhadores.

8) Gostaria de alguns números sobre trabalho escravo.
- Desde 1995, quando o governo federal criou o sistema público de combate a esse crime, mais de 42 mil pessoas foram libertadas do trabalho escravo no Brasil;
- No mundo, a estimativa da OIT é que sejam, pelo menos, 12 milhões de escravos;
- Não há estimativa confiável do número de escravos no país. Por isso, o governo não usa nenhum número;
- Na zona rural, as principais vítimas são homens, entre 18 e 44 anos; Na zona urbana, há também uma grande quantidade de sul-americanos, principalmente bolivianos. Nos bordéis, há mais mulheres e crianças nessas condições;
- Dos libertados entre 2003 e 2009, mais de 60% eram analfabetos ou tinham apenas o quarto ano incompleto. Ou seja, eram adultos que não estudaram quando crianças. Trabalho escravo também é filho do trabalho infantil;
- O Maranhão é o principal fornecedor de escravos e o Pará é o principal utilizador;
- As atividades econômicas em que trabalho escravo mais tem sido encontrado na zona rural são: pecuária bovina, desmatamento, produção de carvão para siderurgia, produção de cana-de-açúcar, de grãos, de algodão, de erva-mate, de pinus. Também há importante incidência em oficinas de costura e em canteiros de obras nas cidades;

9) Por que se usa a expressão "trabalho análogo ao de escravo"?
Porque o trabalho escravo foi formalmente abolido em 13 de maio de 1888 e o Estado passou a considerar ilegal um ser humano ser dono de outro. O que permaneceram foram situações semelhantes ao trabalho escravo, tanto do ponto de vista de cercear a liberdade quanto de suprimir a dignidade do trabalhador.

Mão de trabalhador machucada pelo trabalho e água que ele bebia
10) Em caso de aprovação da PEC 57A/1999 (que na Câmara estava sob o número 438/2001), a decisão de confisco da terra ficará na mão dos auditores fiscais do trabalho.
Não. O processo que levará ao confisco terá início após decisão judicial transitada em julgado na esfera criminal ou trabalhista. Ou seja, a operação de fiscalizacão será avaliada pela Justiça em primeira instância e, provavelmente, em segunda instância e por tribunais superiores. O que pode levar anos para acontecer.

11) Por que a PEC 57A/1999 (ex-438/2001) não diz nada sobre como ocorrerá o confisco de terras?
Pois isso fica a cargo de lei que regulamentará todo o processo. Uma proposta de rascunho dessa lei foi organizada pelos parlamentares favoráveis à PEC.

12) Confiscar propriedades está previsto na Constituição?
Sim, está. A PEC inclui o trabalho escravo no artigo 243 da Constituição, que já prevê o confisco de terras com plantações de psicotrópicos. Além disso, a Constituição prevê que toda a propriedade deve ter função social. Trabalho escravo é uma das maiores negações aos direitos humanos, repudiado em todo o mundo. Portanto, quem usa trabalho escravo não está cumprindo a função social de sua propriedade.

13) A verdadeira intenção dessa lei é a reforma agrária, pois muitas terras serão confiscadas.
Não. Considerando o confisco de terras com psicotrópicos, já em vigor, de 2003 a 2007, 18 propriedades nessas condições - todas elas no Nordeste e com uma área total aproximada de 5.200 hectares - foram destinadas a assentamentos. De acordo com a Coordenação Geral de Polícia de Repressão aos Entorpecentes da Polícia Federal, apenas em 2004, 36 plantações de maconha foram destruídas em todo o país. Repare que o número de confiscos é pequeno se considerada a quantidade de plantações encontradas e destruídas devido ao rigor das decisões judiciais. Ou seja, apenas um número reduzido daqueles que forem flagrados é que devem perder efetivamente suas terras.

14) Não é justo apenas produtores rurais perderem suas propriedades. Por que a PEC não passa a valer também para o meio urbano?
E ela vale. Devido a um pedido de parlamentares ligados aos produtores rurais, o texto da PEC incorporou os imóveis urbanos em 2004.

15) O condenado por trabalho escravo irá perder todas as terras que possui por conta da lei?
Não. Apenas aquela em que trabalho escravo foi encontrado.

16) Para que criar mais uma lei para combater trabalho escravo?
As leis existentes não têm sido suficientes para resolver o problema. Mesmo com a aplicação de multas, o corte do crédito, a perda de clientes, os processos trabalhistas e criminais, usar trabalho escravo ainda é um bom negócio para muitos empresários porque barateia os custos com mão de obra. A prática tem demonstrado que uma medida drástica, que coloque em risco a perda da propriedade em que foi utilizado trabalho escravo, ajudará a coibir com eficiência esse crime.

Motosserra encontrada em propriedade flagrada com trabalho escravo usado para desmatar a área
17) O que vocês chamam de trabalho escravo é apenas a cultura da região.
A justificativa é falsa, embora seja comumente usada por alguns produtores rurais. Mesmo que a prática fosse comum em determinada região – o que não é verdade, pois é utilizada por uma minoria dos produtores rurais – jamais poderia ser tolerada. Todo e qualquer crime deve ser combatido, com maior força exatamente onde for mais usual a sua prática. O desrespeito à dignidade ou o cerceamento da liberdade não podem ser encarados como manifestação cultural de um povo, mas sim como a imposição histórica da vontade dos mais poderosos. Além do mais, essa suposta “cultura da região” é compartilhada apenas por aqueles que concordam com o trabalho escravo, uma vez que a população mais pobre, vítima da escravidão, tem lutado desde a década de 70 para que seus direitos sejam efetivados.

18) A fiscalização abusa do poder e é guiada por um viés ideológico. A Polícia Federal entra armada nas fazendas.
As equipes móveis de fiscalização (compostas por auditores do Ministério do Trabalho e Emprego, procuradores do Ministério Público do Trabalho, policiais federais ou policiais rodoviário federais) devem ir prevenidas às ações de fiscalização uma vez que muitos seguranças, gatos, prepostos, gerentes e vaqueiros das fazendas andam armados para intimidar trabalhadores. De revólveres a rifles, o arsenal de algumas fazendas não é pequeno. Muitas vezes as equipes de fiscalização têm suas vidas ameaçadas, tendo sido recebidas a bala. Além disso, cabe também à Polícia Federal abrir inquéritos e, se necessário, prender os culpados quando confirmado o flagrante do crime.

19) A culpa não é do fazendeiro e sim de gatos, gerentes e prepostos. O empresário não sabe dos fatos que ocorrem dentro de sua fazenda e por isso não pode ser responsabilizado.
O empresário é o responsável legal por todas as relações trabalhistas de seu negócio. A Constituição Federal de 1988 condiciona a propriedade ao cumprimento de sua função social, sendo de obrigação de seu proprietário tudo o que ocorrer nos domínios da fazenda. Por isso, o fazendeiro tem o dever de acompanhar com frequência a ação dos funcionários que a administram para verificar se eles estão descumprindo alguma norma da legislação trabalhista, além de orientá-los no sentido de contratar trabalhadores de acordo com as normas estabelecidas pela CLT.

Para mais informações sobre a PEC do Trabalho Escravo, acesse trabalhoescravo.org.br

Fonte: Pró-Menino

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Campanha mobiliza Internet pelo fim da violência contra mulheres


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"Take Back the Tech" é uma campanha colaborativa que acontece durante os 16 Dias de Ativismo contra a Violência de Gênero. Trata-se de um chamado a usuários e usuárias das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), especialmente meninas e mulheres, a dominar conhecimentos sobre tecnologia a fim de eliminar a violência contra as mulheres. A proposta é realizar, de 25 de novembro a 10 de dezembro, uma ação diária que explore um aspecto da violência contra as mulheres e sua interconexão com os direitos à comunicação. Cada atividade oferece um olhar estratégico e criativo sobre diferentes plataformas de comunicação em rede e fora da Internet. Que a tecnologia seja dominada para eliminar a violência contra a mulher! Na página https://www.takebackthetech.net/ é possível encontrar todas as informações para participação na campanha.

Abong promove 1º Fórum Brasileiro de Redes, Organizações e Ativistas de Defesa de Direitos

De 6 a 8 de dezembro, a cidade de São Paulo receberá a 4ª edição da Feira ONG Brasil, evento sem fins lucrativos composto por exposições em estandes e um congresso internacional. A Abong participará com a realização de diferentes atividades, dentre elas o 1º Fórum Brasileiro de Redes, Organizações e Ativistas de Defesa de Direitos, em 7 de dezembro. Na ocasião, serão debatidos temas relacionados à democratização do Estado e da sociedade no Brasil, cooperação internacional e desafios para a construção de alternativas ao atual modelo desenvolvimento.

O principal objetivo do fórum é ampliar a visibilidade sobre o trabalho realizado pelas organizações que atuam em defesa de direitos, e sobre a articulação política entre os diversos tipos de entidades, no Brasil e no mundo. O objetivo do Fórum é reunir representantes da sociedade civil e também governamentais, brasileiros e internacionais, para compartilhar perspectivas e desafios, além de construir estratégias comuns de atuação.

A programação se divide em três painéis. O primeiro deles – O papel das organizações da sociedade civil na construção de uma cidadania planetária – será das 9h30 às 11h, e contará com a participação de Fátima Mello, da FASE: solidariedade e educação; do prof. Habib Ayeb, da Universidade Paris 06 e Paris 10, e de Alaa Talbi, do Fórum Tunisiano de Direitos Econômicos e Sociais. A proposta é fazer um balanço dos eventos internacionais Rio+20 e Cúpula dos Povos, além de refletir sobre a participação da sociedade civil nos processos de governança global.

Em seguida, das 11h30 às 13h, acontece o Painel 2 - A democracia que temos e a democracia que queremos – que será dedicado aos temas da participação social e da reforma política. A mesa será composta por Anna Luiza Salles Souto, do Instituto Pólis; Pedro Pontual, da Secretaria Geral da Presidência da República; e Rivane Arantes, da SOS Corpo, que falará sobre a “Reforma do Sistema Político Brasileiro: construindo uma nova cultura política brasileira”.

Anna Luiza apresentará a pesquisa “Novas lentes sobre a participação: utopias, agendas e desafios”, publicada pelo Instituto Pólis e disponível aqui. Já Pedro Pontual compartilhará a perspectiva governamental sobre a participação social no Brasil.

O Fórum se encerra com o Painel 3 – Os desafios das organizações e movimentos sociais brasileiros na construção de alternativas ao atual modelo desenvolvimento – que acontecerá das 14h às 15h30. André Lima Sousa, da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa, fará a exposição “Os mega eventos e o direito da cidade: participação e controle social na preparação da Copa e das Olimpíadas”. Em seguida, Chico Menezes, do Ibase, traz o tema da “erradicação da pobreza como direito de cidadania: o papel da sociedade civil organizada”, assim como Patrícia Vieira da Costa, da Secretaria Extraordinária para Superação da Extrema Pobreza/MDS. Ela abordará “A erradicação da pobreza como direito de cidadania: o papel do Estado brasileiro”. O objetivo específico do painel é debater propostas de políticas de combate à pobreza e compartilhar experiências que contribuam para a construção de concepções alternativas de desenvolvimento, centradas nas necessidades humanas, que garantam a reprodução da natureza, evitem o desperdício e não esgotem os bens de que precisamos para bem viver.

Além da realização do Fórum, a Abong participará de diferentes atividades durante a Feira ONG Brasil. Em 6/12, em parceria com Secretaria Geral da Presidência da República e outras entidades, promove um seminário Por um Novo Marco Regulatório para as Organizações da Sociedade Civil, das 9h às 17h30 (em breve, será divulgada a programação completa). Em 7/12, às 16h30, a Abong também participará do lançamento da pesquisa FASFIL, um suplemento sobre as Fundações e Associações Privadas Sem Fins Lucrativos no Brasil, desenvolvido a partir da parceria entre IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Instituto de Pesquisa Econômicas e Aplicadas - IPEA e o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas – GIFE.

A programação completa do fórum está disponível no endereçohttp://www.abong.org.br/final/download/programaforum.pdf e as inscrições para a feira devem ser feitas emhttp://www.credenciamento.com.br/2012/CongressoONGBrasilSetorONG/Identificacao/CLT_PerguntaInicial.aspx. Outras informações podem ser encontradas no site da Abong www.abong.org.br.

Fonte: RETS

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Relatório Combater o Trabalho Infantil: do Compromisso à Ação - OIT


Brasil quer aproveitar Copa e Olimpíadas para fazer campanha contra o trabalho infantil

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A 3ª Conferência Global sobre Trabalho Infantil, marcada para outubro de 2013 em Brasília, foi tema hoje (21) da reunião do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e do diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Rider, em Genebra, na Suíça. Na conversa, Patriota disse que o governo brasileiro quer associar o combate ao trabalho infantil às campanhas de grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Durante o encontro, Patriota e Rider conversaram sobre a inclusão da OIT nas discussões do G20 (grupo que reúne as principais economias mundiais) e as parcerias entre os países da região denominada Sul-Sul, que se refere às medidas que devem ser executadas pelos países de economia emergente em resposta aos desafios comuns.
Pelos dados do relatório Combater o Trabalho Infantil: do Compromisso à Ação, divulgado em junho pela organização, há 215 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos trabalhando no mundo, sendo que 5 milhões são submetidas a trabalhos forçados, inclusive em condições de exploração para fins sexuais e de servidão.
O relatório indica ainda que, entre as crianças e os adolescentes explorados, 115 milhões atuam em atividades perigosas, como operações de guerra. No Brasil, há aproximadamente 3,4 milhões de jovens, de 10 a 17 anos, no mercado de trabalho, segundo o Censo de 2010.
Rider, de 56 anos, foi eleito este ano como novo diretor-geral da OIT. A vitória do inglês foi comemorada pelas entidades sindicais brasileiras. Ele construiu sua história profissional e política atuando na área sindical.
Edição: Juliana Andrade

Intensificar a luta contra o trabalho infantil

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GENEBRA (Notícias da OIT) – Ainda persiste uma grande disparidade entre a ratificação das Convenções sobre trabalho infantil e as ações que os governos empreendem para enfrentar o problema, sustenta a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em um estudo realizado por ocasião do décimo aniversário do Dia Mundial contra o Trabalho Infantil.
“Não existe lugar para a complacência quando 215 milhões de crianças continuam trabalhando para sobreviver e mais da metade delas estão expostas às piores formas de trabalho infantil, incluindo a escravidão e a participação em conflitos armados. Não podemos permitir que a erradicação do trabalho infantil retroceda entre as prioridades da agenda de desenvolvimento. Todos os países deveriam esforçar-se para alcançar este objetivo, individual e coletivamente”, declarou o Diretor Geral da OIT, Juan Somavia.
As novas estimativas publicadas em 1 de junho mostram que cerca de 5 milhões de crianças estão presas em trabalho forçado, e isto inclui condições como exploração comercial com fins sexuais e servidão por dívidas e está cifra pode estar subestimada.
As Convenções sobre trabalho infantil da OIT – 138 sobre a idade mínima de admissão ao emprego e 182 sobre as piores formas de trabalho infantil – estão entre as Convenções da OIT que receberam um maior número de ratificações. Dos 185 Estados membros da OIT, 88 por cento ratificaram o primeiro e 95 por cento o segundo. O objetivo é atingir a ratificação universal em 2015.
No entanto, de acordo com um novo relatório intitulado: Combater o trabalho infantil: do compromisso à ação, os progressos na redução do trabalho infantil com frequência tem sido eclipsados pela incapacidade de traduzir os compromissos na prática.
A maior disparidade entre compromisso e ação se encontra na economia informal, onde acontece a maior parte das violações dos direitos fundamentais no trabalho, assinala o relatório. As crianças em zonas rurais e agrícolas, bem como os filhos de trabalhadores migrantes e das populações indígenas, são os mais vulneráveis como vítimas do trabalho infantil.
A OIT indica também que são relativamente poucos os casos de trabalho infantil que chegam aos tribunais nacionais. As sanções por violações com frequência são demasiado fracas para ser suficientemente dissuasivas contra a exploração das crianças. Isto significa que é necessário fortalecer os órgãos judiciais e as instituições encarregadas de fazer cumprir a lei em nível nacional, junto aos programas de proteção das vítimas.
Embora seja necessário fazer muito mais, o documento da OIT reconhece os importantes progressos alcançados em vários países a fim de melhorar a lei e sua aplicação. Isto inclui:
·         A lista de países que estabelecem planos nacionais padra combater o trabalho infantil é cada vez maior.
·         Inúmeras e novas proibições legislativas destinadas a identificar e prevenir o trabalho perigoso para as crianças.
·         Novas legislações são adotadas contra a prostituição e a pornografia envolvendo crianças.
·         Houve um incremento considerável na cooperação internacional e na assistência mútua entre os Estados membros sobretudo no que se refere ao tráfico.
“Deveríamos, além disso, basearmo-nos nas políticas e programas nacionais vigentes e aprender com eles para garantir uma ação eficaz contra o trabalho infantil em todas as regiões do mundo”, disse o Diretor Geral da OIT, Juan Somavia, e acrescentou: “Trabalho decente para os pais e educação para as crianças são elementos indispensáveis de estratégias dirigidas à eliminação do trabalho infantil. Redobremos nossos esforços e avancemos no roteiro adotado em Haia em 2010 para eliminar as piores formas de trabalho infantil em 2016”. As Convenções da OIT têm por objetivo proteger as crianças da exposição ao trabalho infantil. Junto a outros instrumentos internacionais em matérias de direitos humanos, das crianças e dos trabalhadores oferecem um marco essencial para as legislações, as políticas e as ações contra o trabalho infantil.
O Dia Mundial contra o trabalho infantil, que é celebrado anualmente em 12 de junho, é o principal evento de sensibilização dedicado ao trabalho infantil. Em 2012, o tema é “Direitos Humanos e Justiça Social ... Vamos acabar com o trabalho infantil”. Serão realizadas eventos em mais de 50 países envolvendo governos, empregadores, trabalhadores, as Nações Unidas e organizações não governamentais e da sociedade civil. As iniciativas envolvem desde debates de alto nível, eventos midiáticos, campanhas de sensibilização e manifestações culturais.
Veja informações sobre o Relatório Combater o trabalho infantil: do compromisso à ação em: http://www.ilo.org/ipec/Informationresources/WCMS_181971/lang--es/index.htm

Fonte: Agência Brasil

Confira as fotos da 9ª Vigília realizada pelo Fórum DCA/PE


































quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Fórum DCA/PE realizou 9ª Vigília contra a violência nas unidades da FUNASE em Pernambuco

O Fórum DCA/PE (Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Pernambuco) realizou nesta terça-feira (20) a 9ª vigília em favor dos adolescentes e jovens que cumprem medidas sócio-educativas nas unidades da FUNASE, em pernambuco. Esta nona edição do ato, teve início às 15 horas e ocorreu em frente a Basílica do Carmo, no centro do Recife. Diversas instituições se fizeram presentes. Na ocasião, também foi lembrado o Dia da Consciência Negra, comemorado nesta data, lembrando que Pernambuco é o Estado onde adolescentes e jovens negros sofrem mais violência.

Os adolescentes e jovens das unidades de internação do Sistema Socioeducativo de Pernambuco continuam sendo mortos, torturados, agredidos e tendo diversos outros direitos violados. Cinco mortes já ocorreram ao longo do ano de 2012: no dia 10/01/12, durante rebelião no interior do Centro de Atendimento Socioeducativo do Cabo de Santo Agostinho, três jovens foram brutalmente espancados, torturados, queimados e, um deles, decapitado; em 28/05/12, no Centro de Atendimento Socioeducativo de Abreu e Lima, uma rebelião resultou na morte de mais um adolescente e em ferimentos graves a um Agente Socioeducativo; em 01/09/12, uma nova rebelião no Centro de Atendimento Socioeducativo de Abreu e Lima provocou a morte de outro adolescente, que foi queimado e teve seus pés decepados. As tragédias se repetiram e, infelizmente, poderão continuar a se repetir se o Governo do Estado de Pernambuco permanecer na postura de não tomar providências concretas para reordenar o Sistema Socioeducativo do estado. Ainda esperamos os resultados das investigações que o governo disse ter realizado sobre as rebeliões e mortes ocorridas neste ano. Ainda esperamos a execução do Plano de Reordenamento do Sistema Socioeducativo de Pernambuco, que deveria ter começado a ser executado a partir de 2010, mas até agora não saiu do papel. Acima de tudo, ainda esperamos que sejam respeitados e garantidos os direitos dos adolescentes e jovens que cumprem medidas socioeducativas neste estado.
Entidades presentes: (CEO) Cidade Evangélica dos Órfãos, (CEDES) Centro de Estudos e Desenvolvimento Social, Centro Joaquim Vicente Ferreira, Casa de Passagem Ana Vasconcelos, ACAT, Cendhec, Mães pela Igualdade, mães da FUNASE, Fórum Sócio-Educativo, Associação Santa Clara, Grupo Ruas e Praças, Grupo de Apoio aos Meninos e Meninas de Rua de Gravatá,  Fórum DCA/Recife, Fórum DCA/ipojuca, Casa Menina Mulher e Conselheiros do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.
A próxima vigília será realizada no mês de dezembro, em Caruaru, com data a ser definida.



terça-feira, 20 de novembro de 2012

Resultado do Teste de Avaliação dos pré-candidatos aos Conselhos Tutelares de Porto de Galinhas e Serrambi

Habilitados
Após Curso de Habilitação que contou com uma capacitação e um teste de avaliação, confira aqui a relação dos candidatos habilitados a concorrer a vaga de Conselheiro Tutelar da praia de Porto de Galinhas e Serrambi. Conforme Resolução nº 013/2012, foram aprovados os candidatos que alcançaram a nota 6,0.


Alexsandro da Silva 7,0
Atos Wendell Ribeiro da Silva   6,75
Brisamar Pedrita de Lima (desclassificada) ----
Cleiton Carlos do Nascimento 8,5
Cleiton José da Silva do Nascimento 6,15
Cintia Natalia Araújo do Reis (desclassificada) 4,25
Daniel Gomes da Silva  6,0
Eduardo José Arruda da Silva (desclassificado) 4,25
Eronildo Batista Cavalcanti 6,25
Gerson de Oliveira Lima 7,75
José Adriano Batista do Nascimento
(desclassificado) 
5,25
José Severino dos Ramos Filho 6,15
João Valdir de Souza 6,0
Jusicleide de Oliveira   6,25
Kátia Juliana Sales de Jesus (desclassificada) 3,25
Leonardo Fernando da Silva 6,05
Maria Rosilene da Silva Souza 6,75
Maxsuel Matias de Souza  6,0 
Melquezedeque Reis da Silva (desclassificado) 4,5
Rejane Maria da Silva   6,75
Reobe Barros da Silva 6,05
Romildo Monte da Silva 7,0
Sergio Henrique do Ó (desclassificado) -----
Severina Alves da Silva (desclassificada) -----
Simone Walquiria Costa 6,25
Telma Maria de Lima 6,05
Wender de Souza   6,0


Antonio Azevedo de Lima Junior (desclassificado) 5,5 
Alexsandra Laurentino da Silva 6,75
Danilo Gomes Ferreira da Silva 8,5
Falcone Morais da Silva 6,0
Gabriel do Nascimento 7,0
Glediva Ferreira de Lima 6,25
Givanilda Goncalves do Monte 8,25
Jailta Maria da Silva   7,25
José Quaresma Gomes (desclassificado) 5,5
Josinete Maria do Nascimento (desclassificada) --------
Juvania Faustino do Nascimento de Goes 7,0
Laudison Antônio Farias 7,25
Laudiceia Falcão Vilar Brito 8,25
Leonai Patricia de Souza 7,25
Neonete Xavier da Silva Ferreira 7,0
Osvaldo Fernando de Moura 8,0
Ozana Maria Cardoso 7,25
Severina Alves da Silva (desclassificada) 5,75
Simone Lira da Silva (desclassificada) 5,5
Sueli Maria de Santana Silva (desclassificada) 4,5
Sergio Mendes da Silva 6,75
Severina Vitorino da Silva 6,5

Fonte> CMDCA Ipojuca

sábado, 17 de novembro de 2012

NOTA PÚBLICA


Nota pública
FUNDAÇÃO ABRINQ-SAVE THE CHILDREN REPUDIA USO DE ARMAS DE CHOQUE E SPRAY DE PIMENTA PARA COMBATER CRACK

A Fundação ABRINQ -Save The Children repudia a ação de usar armas de choque e spray de pimenta para conter os dependentes de crack,  conduta prevista no programa “Crack, é possível vencer”, ligado ao Ministério da Justiça. Sob orientação da Secretaria Nacional de Segurança Pública, esta atividade prevê que o uso das armas seja utilizado em caso de extrema necessidade por agentes policiais.
Entendemos que o uso de drogas por crianças e adolescentes em situação de grande vulnerabilidade social é uma questão que merece um olhar multiprofissional.  Problemas psicossociais que vão desde a perda do vínculo familiar, vivência nas ruas e violência dos mais diversos tipos são alguns dos motivos mais citados quando se pergunta a essas crianças e adolescentes do porquê do uso de entorpecentes. Pesquisa realizada pelo CEBRID (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas), em 2003, detectou que o rompimento do vínculo familiar foi um dos fatores mais associativos com o uso diário de drogas. Além disso, 44,3% dos 2807 entrevistados, com idade entre 10 e 18 anos, relataram o desejo de parar ou reduzir o consumo de drogas.  Porém, apenas 0,7% procuraram ajuda em postos de saúde ou hospitais, devido à dificuldade de acesso ao sistema de saúde.
O uso de drogas ilícitas é um tema transversal a diversas áreas governamentais  como saúde, educação, desenvolvimento social e justiça e requer uma política de atenção integral ao usuário, seja criança, adolescente ou adulto. Políticas públicas que promovam o cuidado e a saúde devem contemplar ações estruturais nas áreas acima citadas, além de acessibilidade aos bens e serviços públicos.
A utilização de armas de choque e spray de pimenta não resolverão as questões de negligência social que são motivos do uso de entorpecentes. Essa atitude só demonstra uma política social higienista e contrária à promoção e defesa dos direitos humanos.
A Fundação ABRINQ – Save the Children se posiciona contra ações de repressão a uma situação que notoriamente é identificada como fenômeno social que requer políticas públicas e serviços adequados de atenção à criança e adolescente em risco e sua família. Somos terminantemente contrários a qualquer tipo de violência e à violação dos direitos humanos das crianças e adolescentes.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

9ª Vigília "Diga NÃO à violência no Sistema Sócioeducativo no Estado de Pernambuco"

CONVOCAÇÃO


            Os adolescentes e jovens das unidades de internação do Sistema Socioeducativo de Pernambuco continuam sendo mortos, torturados, agredidos e tendo diversos outros direitos violados. Cinco mortes já ocorreram ao longo do ano de 2012: no dia 10/01/12, durante rebelião no interior do Centro de Atendimento Socioeducativo do Cabo de Santo Agostinho, três jovens foram brutalmente espancados, torturados, queimados e, um deles, decapitado; em 28/05/12, no Centro de Atendimento Socioeducativo de Abreu e Lima, uma rebelião resultou na morte de mais um adolescente e em ferimentos graves a um Agente Socioeducativo; em 01/09/12, uma nova rebelião no Centro de Atendimento Socioeducativo de Abreu e Lima provocou a morte de outro adolescente, que foi queimado e teve seus pés decepados. As tragédias se repetiram e, infelizmente, poderão continuar a se repetir se o Governo do Estado de Pernambuco permanecer na postura de não tomar providências concretas para reordenar o Sistema Socioeducativo do estado. Ainda esperamos os resultados das investigações que o governo disse ter realizado sobre as rebeliões e mortes ocorridas neste ano. Ainda esperamos a execução do Plano de Reordenamento do Sistema Socioeducativo de Pernambuco, que deveria ter começado a ser executado a partir de 2010, mas até agora não saiu do papel. Acima de tudo, ainda esperamos que sejam respeitados e garantidos os direitos dos adolescentes e jovens que cumprem medidas socioeducativas neste estado.
            Diante desta cruel realidade, o Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Pernambuco (Fórum DCA/PE) e o Fórum Socioeducativo de Pernambuco vêm aqui convocar toda a sociedade civil organizada para a 9ª VIGÍLIA EM DEFESA DOS DIREITOS DOS (AS) ADOLESCENTES E JOVENS EM CUMPRIMENTO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM PERNAMBUCO, que acontecerá no dia 20/11/2012, às 15h, em frente à Basílica do Carmo (Pátio do Carmo), próximo ao Camelódromo.
            Vamos continuar erguendo a nossa voz, denunciando e propondo, construindo caminhos na direção da efetivação dos direitos humanos desses adolescentes e jovens.
            Se possível, traga uma faixa de sua entidade referindo-se à temática da Vigília. Se você participou do Seminário do Fórum DCA/PE, venha com a camisa que você recebeu no referido Seminário. Também informamos que, nesta Vigília, exibiremos um vídeo registrando as denúncias feitas ao longo das vigílias e a promessa ainda não cumprida do governador Eduardo Campos para reordenar o Sistema Socioeducativo de Pernambuco.

Atenciosamente,

Coordenação do Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente e Fórum Socioeducativo de Pernambuco:

Silvino Neto (9753-2820)
Reginaldo Silva (9652-0118)
Conceição Ferreira (9919-9029) 
Milton Bezerra (9666-3505)

Pré-Candidatos (as) aos Conselhos Tutelares de Porto de Galinhas e Serrambi concluem Curso de Habilitação

45 pré-candidatos aos Conselhos Tutelares de Porto de Galinhas e Serrambi concluíram nesta quarta-feira (14) o curso de habilitação promovido pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Ipojuca, como parte do processo de escolha dos conselheiros (as) tutelares desses dois distritos. O curso de 16 horas foi realizado na Pousada Casarão Neves, em Porto de Galinhas.
No  dia 17, os pré-candidatos que participaram do curso serão submetidos a um teste de avaliação, comporto de 20 questões objetivas e uma redação, todo o assunto é sobre a Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). O resultado será divulgado no próximo dia 20. Os aprovados passarão à condição de candidatos, podendo assim, concorrerem às eleições.