No passado dia 15 de agosto, durante o VIII Congresso Brasileiro de Planejamento Energético em Curitiba (PR), o WWF- Brasil lançou o estudo “Além de grandes hidrelétricas: políticas para fontes renováveis de energia elétrica no Brasil”. Ele revela um abismo entre o potencial brasileiro de geração de eletricidade de fontes alternativas – como eólica, biomassa de cana-de-açúcar e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) – e a capacidade instalada no país a partir dessas fontes, ainda pouco exploradas e com obstáculos consideráveis para a sua expansão.
O relatório demonstra que, por meio de planejamento adequado, políticas e incentivos positivos robustos e diferenciados, pode-se aumentar a competitividade e a participação das fontes renováveis alternativas na matriz de eletricidade do país, sendo viável ampliar em 40% a participação de três delas (eólica, biomassa e PCHs) nos leilões de energia nova.
Para tanto, o planejamento da expansão da nossa matriz energética deve estabelecer um equilíbrio entre aspectos técnicos, econômicos, sociais e ambientais. A sustentabilidade socioambiental precisa ser fator central nos processos de tomada de decisão. E algumas questões requerem amplo debate para reduzir a utilização de energias fósseis e de energia nuclear, bem como a dependência de grandes hidrelétricas.
É fundamental ainda investir em medidas de eficiência e racionalização que reduzam a necessidade da instalação de projetos de grande impacto, além de diversificar a nossa matriz, complementando a hidroeletricidade com outras fontes de energia limpa, renovável e de baixo impacto. Cabe ao governo federal, então, estabelecer metas ambiciosas de expansão das fontes renováveis alternativas, realizar leilões específicos para cada uma nos leilões de energia nova e direcionar para elas incentivos e subsídios, como os hoje destinados aos combustíveis fósseis.
Com planejamento adequado e políticas estratégicas, é possível atender a uma parte significativa da demanda por eletricidade a partir de fontes de menor impacto, fazendo com que deixem de ser apenas alternativas para se tornarem prioritárias numa matriz energética mais sustentável para o país.
* Ligia Pitta Ribeiro é analista de Conservação do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil.
*Carlos Rittl é coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil.
Fonte: RETS
Nenhum comentário:
Postar um comentário